Uma comunidade indígena Pataxó localizada na Terra Indígena Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, foi alvo de um violento ataque na noite desta sexta-feira (29). Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), homens armados e encapuzados incendiaram duas casas, incluindo as residências do vice-cacique e do cacique Pataxó Patxohã.
Apesar da gravidade do episódio, não há registros de feridos. Relatos de moradores apontam que os agressores deram um ultimato para que todos deixassem a aldeia até o mesmo dia do ataque.
O vice-cacique Fábio Pataxó utilizou as redes sociais para denunciar o ocorrido, revelando que, no local do incêndio, foram encontrados dois galões de álcool e cápsulas de munição. “Na manhã seguinte ao incêndio, um carro foi visto nas proximidades”, relatou Fábio, acrescentando detalhes sobre o clima de insegurança na comunidade.
A Terra Indígena Coroa Vermelha, onde ocorreu o ataque, tem sido palco de uma disputa de terras desde 1993 entre os Pataxó e latifundiários. A área, anteriormente conhecida como Aldeia da Pinga, permanece sob ameaça constante, mesmo após uma decisão judicial recente. Em julho deste ano, o Tribunal de Justiça da Bahia suspendeu uma ordem de reintegração de posse que abrangia 35 hectares, reivindicada pelo empresário Orlando Ramos Bonfim Junior, que alega ser proprietário da terra.
Com a suspensão da reintegração, as famílias indígenas puderam permanecer na área, mas continuam enfrentando um ambiente de hostilidade marcado por ameaças e ataques.
O clima de tensão na região foi agravado pelo assassinato de Tauã Passos Monteiro, de 26 anos, ocorrido em setembro. Tauã, filho da vereadora Indiara Ferreira Passos (PP), foi morto a tiros por um pistoleiro na comunidade. Na última terça-feira (26), a polícia prendeu um suspeito do crime, identificado como Pacheco, em Coroa Vermelha.
Lideranças indígenas e organizações sociais têm reforçado o alerta para a segurança das famílias Pataxó na Terra Indígena Coroa Vermelha. A violência e a histórica disputa de terras continuam a gerar apreensão, mobilizando autoridades e entidades de defesa dos direitos humanos.
Enquanto isso, a comunidade Pataxó segue resistindo diante das adversidades, exigindo proteção e uma solução definitiva para o conflito fundiário que ameaça sua sobrevivência e seu território ancestral.
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